Parlendas


PARLENDA
(por Moduan Matus)

Versos ou prosa para brincar. Parlenda é uma palavra do português europeu (1817 ou 1819). Significa “falatório”, “palavreado”. Ou (1899) “discussão” (acalorada, rixenta ou importuna). Vem do século XVI, derivado do italiano “parola”, que por sua vez vem do latim “parábola” e este do grego “parabole”.
Quando a parlenda é destinada à fixação de números ou de ideias iniciais, dias da semana, cores, meses do ano, etc., chama-se MNEMONIA. Em Portugal a Parlenda também é chamada de cantilena ou lengalenga. Na Literatura Oral é um dos entendimentos primordiais para a criança e uma das fórmulas verbais que fica para sempre na memória.
Numa terceira acepção, no caso musical, pode ser declamação poética para crianças acompanhada de música. Ou rima infantil utilizada em brincadeiras ou como técnica de memorização.
Parlenda é um palavreado individual (alguns a define como versos de cinco ou seis sílabas), em uníssono ou dialogado, com ou sem sentido, porém sempre com ritmo, exposto oralmente em brincadeiras. Serve à fase introdutória dos jogos, à transmissão de um conhecimento, para entreter, divertir e acalmar crianças e ainda para escolher quem inicia e quem entra no jogo. Um exemplo: “Uni, duni, tê, salame,  minguê... Um sorvete colorê, o escolhido foi você!”.
Depois que Luis da Câmara Cascudo fundou a primeira Sociedade Brasileira do Folclore, em 1947, os estudos de Literatura Oral no Brasil (que chega a 19 modalidades), foi ganhando intensidade em toda a sua origem (indígena, europeia, africana e outras), enriquecendo ainda mais a nossa literatura, onde se destacam, ao longo, os estudiosos no ramo,  como: Edison Carneiro, Monteiro Lobato, Renato Almeida, Gilberto Freire, Maynard Araújo, Cassiano Ricardo, Mário de Andrade, Raul Bopp, Jorge de Lima, Oswald de Andrade, Antônio Henrique Weitzel, Silvio Romero, João Ribeiro, Zila Mamede, Celso Magalhães, Maria de Lourdes Borges Ribeiro, Ricardo Azevedo, Basílio de Magalhães, Graciliano Ramos, Joaquim Ribeiro, J. R. dos Santos Júnior, Augusto C. Pires de Lima, Roberto Damatta, Anísio Mello, A. S. Franchini, José Arrabal, Toni Brandão, Yguarê Yamã, Adilson Martins, Antonieta Dias de Moraes, Percival Tirapeli, Elias José, Minelvino Francisco Silva, Gilberto Braga de Melo, Joseph Maria Luyten, Pereira da Costa, Laura Della Monica, Zaida Maria Costa Cavalcante, Sosígenes Costa, José Paulo Paes, entre outros.
Temos na Parlenda referência diária (escola e comunidade), seja nos objetos, nos alimentos, na religiosidade, na música, nas brincadeiras e jogos, na procedência, etc., principalmente em periferias e áreas rurais, onde o contato popular é mais frequente.
Outros exemplos de parlendas (fragmentos):
“Bão-balalão! Senhor capitão! Em terras do mouro morreu seu irmão...”
De uma região a outra apresenta variantes:
“Bão-balalão! Senhor capitão! Tirai esse peso do meu coração...”
ou:
“Bão-balalão! Senhor capitão! Espada na cinta ginete na mão...”.
Outro exemplo:
“Mindinho, seu vizinho, pai de todos, fura bolo, mata piolho...
Cadê o toicinho que tava aqui? O gato comeu. Cadê o gato? ...”.
Outro exemplo:
“Amanhã é domingo. Pé de cachimbo. Galo monteiro. Pisou na areia...”
Ou; “Amanhã é domingo. Pé de cachimbo. Galo montês. Peca na rês...”. 

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